Essa data não poderia passar em branco aqui no blog, logo eu que adoro uma nostalgia não fazer todo mundo relembrar que já fazem quinze anos que estreou Chiquititas na tela do SBT, parece que foi ontem né? Então numa conta pra totalizar quinze abaixo você vê oito entrevistas, três matérias, três músicas inesquecíveis e um item especial. Vale lembrar que a introdução abaixo até a parte das entrevistas foram feitas pela revista Quem e retiradas de lá.
"Mexe, mexe com as mãos, pequeninas", "Não me diga mentirinhas, dói demais", "Tudo, tudo, tudo é teu é só querer"... Quem foi criança na década de 90 provavelmente já cantou e dançou alguns desses hits. Eles faziam parte da trilha sonora de "Chiquititas", do SBT. A novela, uma das de maior duração no Brasil, foi exibida entre julho de 1997 e janeiro de 2001. Entre as cinco temporadas da história, mais de 50 crianças integraram seu elenco, que tinha a atriz Flávia Monteiro no papel principal, o da diretora Carolina. Exibida pelo SBT, "Chiquititas" foi realizada em co-produção com a emissora argentina Telefé e as gravações eram feitas em Buenos Aires. Por conta do trabalho, o elenco brasileiro se mudou para lá. Inicialmente, era para a novela se chamar "Pequeninas" (o significado de chiquititas em português), mas Silvio Santos, de última hora, achou melhor manter o nome original, em espanhol.
Foi na pele da órfã Mili que Fernanda Souza ganhou projeção e virou ídolo nacional no fim dos anos 90. Quando foi aprovada no teste para viver a protagonista infantil da novela do SBT, a atriz já acumulava cerca de 200 comerciais, além de ter trabalhando no programa educativo "X-Tudo" (Cultura) e atuado no seriado "Retratos de Mulher" (Globo), além da novela "Razão de Viver" (SBT).
"Chiquititas" foi um divisor de águas na vida de Fernanda e ela não nega isso. Em seu blog, já chegou a afirmar em um post de 2008: "Minha vida é a.C. e d.C., mas o 'C' é de 'Chiquititas'". No Twitter, a atriz também fala com carinho sobre o trabalho. Pouco antes de conversar com a reportagem de QUEM, em pleno domingo (22), Fernanda assistia ao quadro "Dança dos Famosos", que tinha Nelson Freitas, seu colega na novela infantil, entre os jurados. "O Nelson Freitas é uma das pessoas mais engraçadas que eu conheço... Dou risada com ele desde a época que ele era o 'Tio Fernando'!"
Direto do túnel do tempo...
A atriz fala com carinho sobre o período em que morou na Argentina por conta das gravações da trama. "As recordações mais gostosas daquela época são as gravações, a espera pra gravar, a bagunça no camarim! Tudo era divertido... E mais ainda: as vindas ao Brasil, porque víamos nossas famílias e vivíamos aquele sucesso todo, que em Buenos Aires não existia, já que a novela não ia ao ar lá", afirmou a QUEM. "Não lembro de mico nenhum. Já se passaram 15 anos", disse, entre risos. Fernanda conta que sente falta daquela fase. "Sinto muita saudade daquela época! Era tudo muito novo, especial. Gravar as cenas, os clipes! Todas nos sentimos saudade, crescemos juntas", diz.
Música preferida
Constantemente questionada nas redes sociais sobre os tempos de chiquitita, Fernanda já contou que sabe até hoje a coreografia de "Amigas" - que teve o clipe gravado na Avenida Paulista e no Memorial da América Latina - e que sua música preferida é "Tudo, Tudo" - hit do primeiro CD, com clipe gravado no Parque da Independência do Museu do Ipiranga, em São Paulo. Ainda nas redes sociais, ela admitiu que não era sua voz nos álbuns da novela. "Recebi muitas mensagens tristes depois que contei que nunca cantei sequer uma música de 'Chiquititas'! Sorry, mas eu tentava dublar super! Fui fazer a sincera e contar que não era eu que cantava e agora acabei com a infância de todo mundo!"
"Não perdi a minha vida de criança, só tive uma infância diferente"
Em entrevista recente à revista QUEM, Fernanda afirmou que não considera que tenha perdido a infância por conta do trabalho. "'Chiquititas' foi uma grande diversão, e o juizado controlava nossas horas de trabalho. Se passasse das seis horas, eles interrompiam a gravação. Tinha que frequentar o colégio e tirar notas boas. No fim de semana, tinha uma van à disposição para nos levar aos pontos turísticos de Buenos Aires. Só sentia o sucesso da novela quando a gente vinha ao Brasil. Aí, sim, era uma loucura. Mas durava poucos dias, porque ninguém conhecia a gente na Argentina. Até de oferta de droga eu fiquei de fora. Quem trabalha desde criança traz essa magia, esse respeito. Não perdi a minha vida de criança, só tive uma infância diferente."
Primeiro beijo em cena
O primeiro beijo da vida de Fernanda também aconteceu na ficção. "Não tive a oportunidade de ter meu primeiro beijo na vida privada. Foi com o ator Paulo Nigro, que fazia meu par romântico. A atriz Aretha Oliveira, que fazia a Pata, expulsou todo mundo do estúdio. Eu chorava e dizia que não queria beijar pela primeira vez na frente das câmeras. Mas vi que não foi nada de mais. Sempre que encontro o Paulo, eu digo: “Ei, primeiro beijo”, e caímos na risada. Foi um momento roubado de mim, eu era BV (boca virgem) e perdi minha virgindade de boca em cena. Mas o segundo foi na vida real."
Aretha Oliveira foi a única chiquitita que atuou do começo ao fim da trama, permanecendo na novela de julho de 1997 a janeiro de 2011, sempre com destaque expressivo na história infantil. Paulistana, a atriz, de 27 anos, voltou a morar em Buenos Aires há cerca de quatro anos e se divide entre o Brasil e a Argentina desde então. Ela conversou com QUEM, por telefone, direto da capital argentina. Famosa por ter interpretado a ex-menina de rua Pata, Aretha acredita ter ficado marcada pela personagem, mas não faz disso um bicho de sete cabeças. Na volta à Argentina, estudou canto, dança e comédia musical e conquistou novas oportunidades de trabalho. Ela também assegura nunca ter sofrido preconceito racial por lá. "Não sofri preconceito em nenhum momento, nem no colégio, nem no trabalho. Como na Argentina tem poucos negros, eles acham linda a cor", afirma a atriz, que namora um argentino atualmente.
QUEM: Qual a melhor recordação da época de Chiquititas?
ARETHA OLIVEIRA: São tantas coisas. Como eu era muito criança, acho que não tinha tanta noção da oportunidade de viver fora do Brasil, mas certamente foi uma grande chance. E eu achava que "Chiquititas" duraria como uma novela normal - de oito a dez meses no máximo.
QUEM: Qual foi a maior dificuldade ao ir morar na Argentina?
A.O.: Sofri um pouco porque tive que deixar os amigos, o pai, o irmão, o cachorro aqui. Só fui para a Argentina com a minha mãe. Mas, depois, você cria novos amigos. Sem falar que a produção acaba te acolhendo.
QUEM: Você permaneceu durante toda a trama. Em que momento se tocou o sucesso que era ser chiquitita?
A.O.: A gente não tinha noção de todo o sucesso que era. Na primeira vinda para o Brasil, depois da estreia, deu para perceber, mas acho que a gente não teve toda a dimensão. Quando vínhamos para o Brasil, era rápido. Ficávamos no hotel e a vida era do hotel para o SBT, do SBT para o hotel. Vir para o Brasil participar dos programas e ver os fãs era como se fosse um sonho. Quando voltávamos, era vida normal. Escola e trabalho. As vindas para o Brasil eram um flash. Só tive noção real quando a novela acabou de ser gravada e eu voltei para o país. Era reconhecida direto.
QUEM: E ainda é lembrada pela Pata?
A.O.: Até hoje eu sou reconhecida em todos os lugares (risos).
QUEM: Você permaneceu em "Chiquititas" durante as cinco fases e a Pata sempre teve uma participação expressiva na história. Acredita que tenha ficado marcada, rotulada?
A.O.: Acredito que sim. Foi um trabalho de muitos anos. Muitos anos no mesmo papel e eu continuo muito parecida fisicamente. Pelo menos é o que dizem. Quando acabou a novela já ia fazer 16. Acho que não mudei tanto de lá pra cá. Quem saiu mais nova, mudou mais.
QUEM: Você imaginava que fosse ficar até o fim de "Chiquititas"?
A.O.: A gente sabia que as fases iam mudar, teve uma hora que eu pensei que fosse sair. Mas eu não sofria. Se tivesse que voltar, sabia que teria minha vida com a minha família aqui. Por outro lado, eu sofria muito a cada saída. Cada um que partia era um amigo. Eu sofria tanto com cada despedida que teve um momento em que eu cheguei a pensar: "deve ser mais fácil para quem está saindo do quem para quem fica" (risos).
QUEM: E a notícia que a novela ia acabar, te pegou de surpresa? Ficou triste?
A.O.: Foram muitas incertezas. Primeiro, a novela ia acabar, depois não ia. Depois ouvíamos comentários de quem a novela continuaria a ser gravada, mas não mais na Argentina e sim nos estúdios do SBT, em São Paulo. Essa parte de indefinições foi bastante sofrida. Até que, um dia, teve uma reunião avisando que a novela deixaria de ser feita.
QUEM: E aí? Como foi receber essa notícia?
A.O.: O sofrimento não era tanto pelo fim da novela. Sofrido, para mim, foi deixar os amigos que tinha feito na Argentina, a equipe de produção.
QUEM: Quem eram suas melhores amigas na época?
A.O.: A Francis Helena, Mariane Oliva e a Fernanda Souza. Fui madrinha do casamento da Francis. Dos adultos, eu encontrei na semana, aqui em Buenos Aires, a Débora Olivieri [a vilã Dona Carmen], foi muito gostoso. Tinha tanta gente querida entre o elenco. Com a Flávia Monteiro, tenho contato por Facebook. Eu me dava muito bem com todos. Também tenho saudade do Gésio Amadeu [o chefe Chico].
QUEM: Você está morando na Argentina. Por que voltou a morar aí?
A.O.: Tenho muito amigos, fiquei muito apegada à Argentina. Quando acabei a faculdade há quatro anos, decidi voltar, fiz cursos e fui ficando. Nunca foi algo do tipo "vou mudar definitivamente para a Argentina". Vou e volto. Estudei comédia musical, canto e dança. Foram surgindo alguns trabalhos. No ano passado, gravei um programa para a Discovery, que ainda vai estrear. O papel maior foi em uma novela chamada "Resistire", da mesma emissora que é de "Chiquititas". Também atuei nos seriados "Simuladores" e "Graduados".
QUEM: E você fez papel de brasileira na novela daí?
A.O.: Sim, foi uma brasileira. E o mais difícil para mim foi falar em portunhol. Tenho fluência no espanhol, então me sinto muito estranha ao ter que falar errado (risos).
QUEM: E como é a vida aí?
A.O.: Eu adoro Buenos Aires. Tenho um namorado argentino, moramos em um apartamento de Almadra. Eu o conheci bem depois de "Chiquititas" e ele não é do meio artístico. Aqui, tenho algumas oportunidades de trabalho. Atualmente, estou trabalhando em um projeto de dublagem.
QUEM: Depois que você saiu de "Chiquititas", você chegou a fazer teatro e atuar em alguns comerciais. Tem vontade de voltar para a TV?
A.O.: Quando acabei Chiquititas, estava cansada e queria realmente dar uma parada. Queria descansar. Depois, fiz algumas peças como "O casamento da Dona Baratinha", "Chapeuzinho Vermelho", "A Casa Caiu" e "As Mona Lisas".
QUEM: Você também fez uma campanha política?
A.O.: Mas acho que passou só em Minas. Fiz publicidade. Não foi só essa campanha.
QUEM: E a vontade de voltar a trabalhar no Brasil?
A.O.: Eu tenho vontade de trabalhar aí. Sendo um trabalho bacana eu aceitaria, claro. Nunca deixei meu país. Vou e volto. Verão, por exemplo, eu adoro passar no Brasil. Voltar a fazer TV seria maravilhoso.
QUEM: Algumas chiquititas enfrentaram dificuldades após deixar a novela. E você?
A.O.: Por sorte, não tive nenhum problema, tenho uma família que sempre me apoiou. Sempre fui muito pé no chão, estrutura familiar é tudo. Eu nunca me senti nada a mais do que ninguém. Quando o trabalho acabou, acabou. Em nenhum momento fiquei abalada, depressiva, passando necessidade.
QUEM: Você já sofreu alguma forma de preconceito?
A.O.: Antes de nos mudarmos, minha mãe ficou um pouco assustada com o possível preconceito. Uma amiga foi alertá-la e minha mãe conversou com a produção sobre essa questão. Como resposta, ela escutou: "Ela vai ter um problema: Não vão deixar ela ir embora de lá" (risos). E é verdade. Nunca tive problema, nunca mesmo. Falam muito da rivalidade entre Brasil e Argentina, mas é só no futebol mesmo. Não sofri preconceito em nenhum momento, nem no colégio, nem no trabalho. Eles amam. Como na Argentina tem poucos negros, eles acham linda a cor. Nunca fui vítima.
Entre os 11 e 12 anos, Renata Del Bianco participou de "Chiquititas" como a doce e meiga Vivi. A atriz, atualmente com 25 anos, interpretava uma órfã sempre paquerada pelos chiquititos. Ainda que tenha participado apenas da primeira fase da novela, ela é lembrada até hoje pelo papel, embora esteja afastada da área artística, cursando a faculdade de medicina veterinária, desejo que manifestava desde a época em que atuava na trama infantil. Depois de participar da novela, Renata chegou a participar do grupo infantil As Crianças Mais Amadas do Brasil, gravou CD, fez comerciais, atuou em espetáculos teatrais infantis - inclusive "A Bela e a Fera", substituindo Fernanda Souza -, mas seu nome voltou aos holofotes ao estrelar um ensaio sensual com a ex-BBB Angélica Morango, divulgado em outubro de 2010. Ela afirma ter ficado surpresa com a repercussão e as especulações - infundadas - de que viveria um romance com a amiga.
QUEM: O que tem de mais marcante da época de Chiquititas?
RENATA DEL BIANCO: Tudo! Foi uma fase muito boa e contribuiu muito para o desenvolvimento do que sou hoje.
QUEM: Ao sair de "Chiquititas", você integrou o grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil e viajou pelo país. Foi aí que tomou noção do sucesso que fazia?
R.B.: Com certeza. Enquanto gravava a novela, vinha para o Brasil uma vez a cada três meses, tinha pouco contato direto com o público. Quando subi ao palco para o primeiro show e me deparei com 45 mil pessoas gritando meu nome foi quando a ficha caiu.
QUEM: Quais os pontos positivos e negativos da fama?
R.B.: Não há nada que pague o reconhecimento por um trabalho feito com tanto amor e dedicação. Por outro lado, a fama é sedutora, ela te envolve e quando menos esperar: te vicia. Nenhum vicio é saudável.
QUEM: Em algum momento o sucesso te deslumbrou?
R.B.: Acho que sim, eu era muito nova mas sempre contei com minha família para me orientar e me dar apoio tanto nos momentos bons quanto nos momentos ruins.
QUEM: Você iniciou faculdade de biomedicina e atualmente cursa medicina veterinária. Por que carreiras que nada têm a ver com o meio artístico?
R.B.: Ser atriz foi algo que não tive muito tempo de planejar, aconteceu e me apaixonei. Já a medicina veterinária foi algo que sempre amei, passei a vida inteira me preparando para isso.
QUEM: O meio artístico te decepcionou de alguma forma? Faltaram oportunidades?
R.B.: De forma alguma. Nunca me faltaram oportunidades. Me formei em canto e teatro. Há 14 anos atuo na área.
QUEM: Ser lembrada como chiquitita até hoje te incomoda de alguma forma?
R.B.: Não me incomoda. Ter feito parte de "Chiquititas" me abriu muitas portas, mas acredito que falta a percepção de que cresci e amadureci.
QUEM: Após o auge do sucesso, você passou por alguma crise de identidade ou financeira?
R.B.: Nenhuma crise. O meu trabalho sempre foi em conjunto com a estrutura familiar, nunca foi o centro dela.
QUEM: Tem contato com alguém do elenco?
R.B.: Graças às redes sociais, reencontrei grande parte do elenco. Vira e mexe nos encontramos.
QUEM: Você chamou a atenção ao estrelar um ensaio sensual com a ex-BBB Angélica. Imaginava que a repercussão seria tão grande?
R.B.: Não! Tomei um susto quando o ensaio saiu e as especulações que criaram na época.
QUEM: Faria um novo ensaio sexy ou até mesmo um ensaio nu?
R.B.: Fiz o ensaio em uma época em que o meu foco era outro. Atualmente, não tenho planos para isso.
QUEM: Voltar a atuar é possibilidade descartada ou tem vontade?
R.B.: Atualmente, minha dedicação é integral para minha estabilidade profissional na área que escolhi. Mas amo o teatro. Tenho três peças guardadas na minha cabeceira esperando a hora de eu dar o 'ok' e nada me impede de conciliar os dois trabalhos futuramente.
QUEM: Algumas chiquititas casaram, tiveram filhos. E você? Casou, teve filhos, tem vontade?
R.B.: Não casei, ainda. Minha carreira é o primeiro capítulo, casamento e filhos são o segundo e terceiro, respectivamente.
Francis Helena viveu a chiquitita Cris, a mais romântica das meninas da primeira fase. Ela ficou no elenco até meados de 1998, embora sua personagem na versão argentina da novela tivesse vida mais longa. "Eu cresci e estava ficando grandona para ser chiquitita (risos). Os números maiores do uniforme já não serviam em mim", afirma a atriz, de 27 anos, sem perder o bom humor. Formada em publicidade e propaganda, Francis não deixou o meio artístico e participou de grandes produções infantis no teatro como "Sítio do Picapau Amarelo" e "Pinóquio", em que, além de atuar, cantava e dançava. Embora não tenha desistido de trabalhar como atriz, ela foi professora de dança por cinco anos porque era financeiramente compensador. "Para mim, a dança me dá mais dinheiro do que a atuação. O que salva meu fim de ano são os eventos de dança", diz. Casada desde o início deste ano, Francis contou que conheceu seu marido animando uma festa de aniversário infantil: ele vestido de príncipe; ela, de bruxa.
QUEM: Qual a maior recordação da época de "Chiquititas"?
FRANCIS HELENA: Acho que foi o trabalho de maior repercussão que eu fiz. É incontestável. Tinha um ritmo de gravação muito acelerado. Mesmo tirando lado da fama e o glamour que existiam, era muito bom participar de uma novela como aquela. De manhã estudávamos, almoçávamos na emissora, e gravávamos à tarde. Tínhamos horários direitinho, de seis a oito horas.
QUEM: Como encarou a chance de ir morar na Argentina?
F.H.: Eu já tinha feito "Éramos Seis" e "Colégio Brasil", no SBT. Por intermédio da agência de talentos mirins, também fiz um teste para "Antonio Alves, taxista", protagonizada por Fábio Jr., que também foi gravada na Argentina. Na época da seleção, fiquei entre as duas finalistas para o papel, mas a outra menina acabou sendo chamada. Então, a possibilidade de ir morar na Argentina já existia desde aquela época. A diferença é que não imaginava o que seria "Chiquititas". Quando fui aprovada, não sabia o que era. Não imaginava que duraria tanto. Achava que fosse uma novela e só, mas era um grande produto para as crianças. Tinham os clipes, os CDs, não era uma novela comum. E, como morávamos na Argentina, demoramos a ter ideia da repercussão que "Chiquititas" tinha aqui.
QUEM: Era estranho voltar para o Brasil e ver a histeria que existia por vocês?
F.H.: As crianças que entraram para o elenco depois já sabiam como era, mas as oito primeiras meninas seguraram a bucha (risos). Quando chegamos lá, não tínhamos a noção. Não imaginava que sairia a minha cara em bolsinha, álbum, bonequinha. Eu tenho uma fivelinha com a minha cara até hoje (risos).
QUEM: Você atuou apenas na primeira temporada. Como recebeu a notícia que sairia da novela?
F.H.: Fui a última a saber. Eles me avisaram por último. A minha personagem continuava na história argentina, mas tinha a questão de eu ser muito grande. Eu cresci e estava ficando grandona para ser chiquitita (risos). Tenho 1,67m e os números maiores do uniforme já não serviam em mim. Usávamos o sapato da marca de Chiquititas e meu pé também não cabia neles. Estava dois números acima. Mas o desfecho que deram para a Cris foi muito bacana.
QUEM: Como foi a sua vida após "Chiquititas"?
F.H.: Saí da novela já sabendo que faria a peça "O menino que queria ser presidente", que contava com parte do elenco de "Chiquititas", e foi muito bacana. Fui eu mesma que achei melhor fazer teatro em vez de ir pro grupo [As Crianças Mais Amadas do Brasil], formado por ex-chiquititos. Tinha passado aquela fase. Depois, participei de comerciais, musicais, fui assistente de coreografia no espetáculo "Pinóquio", participei do grupo de dança Only Broadway da Fernanda Chamma [coreógrafa que constantemente integra o júri técnico do quadro "Dança dos Famosos"]. Fiz faculdade de Publicidade e Propaganda e também fui professora de dança. Dei aula durante cinco anos. Na TV, fiz pequenas participações nas novelas "Água na Boca" [Band, 2008] e "Vende-se um Véu de Noiva" [SBT, 2009].
QUEM: Vi em fotos que você já se vestiu de tudo quanto foi princesa. Por qual trabalho?
F.H: Trabalho também em festas infantis. Então, no meio das festas, quando tem a encenação de uma peça, lá estou eu. A personagem que eu mais fiz foi a Ariel, mas a que eu mais gosto é a Branca de Neve. Acho que combina mais comigo. Me acho grande para ser a Pequena Sereia (risos). Conheci meu marido fazendo essas peças, com ele vestido de príncipe.
QUEM: Que romântico! E você estava caracterizada como qual princesa?
F.H: Quando conheci meu marido, ele estava fazendo o príncipe, mas eu estava interpretando a bruxa da história (risos). Costumo dizer que roubei das histórias dos contos de fada para a minha vida. Estamos juntos há dois anos e meio e me casei em fevereiro deste ano. Me casei de véu e grinalda.
QUEM: E hoje? Você gostaria de voltar a fazer televisão ou quer distância desse meio?
F.H.: Nunca quis distância! Gostaria muito de voltar a fazer televisão. Tive um questionamento master porque por trabalhar desde criança parece que você não percebe que está crescendo. Tive uma crise bem louca no fim ano passado ao me perguntar: 'será que eu devia ter tomado outro rumo?'. Quero atuar e quando comecei a dar aula de balé, a proposta profissional e financeira era uma boa. A dança sempre foi muito presente na minha vida. Fui premiada como coreógrafa, mas se você me perguntasse: "como você queria estar hoje?", acho que a resposta seria: "Queria estar superestabilizada e trabalhando como atriz na TV Globo" (risos).
QUEM: Dançar foi uma forma de encontrar estabilidade financeira?
F.H.: Para mim, a dança me dá mais dinheiro do que a atuação. O que salva meu fim de ano são os eventos de dança. Não sei se o mercado é maior. Eu me julgo atriz. Acho que sou uma atriz que dança, mas como bailarina, ganho mais dinheiro.
QUEM: Você falou que dar aulas de dança te ajudavam financeiramente. Você também fez comerciais, eles também garantem um bom retorno?
F.H: Ah, sim! Quando faço um comercial, é um certo alívio, sabe? Salva o mês. Penso que vou poder respirar aliviada para pagar o financiamento do apê.
QUEM: Sua irmã também fez "Chiquititas", interpretando a boneca Laurinha. E ela, como está?
F.H.: Ela gosta menos da fama que eu. Não que eu goste da fama em si, mas gosto de ser reconhecida. Todo dia eu sou reconhecida como a chiquitita. A minha cara é igual, acho que não mudei (risos). Estou fazendo um curso de interpretação para cinema com a Karina Barum e quando vi um dos vídeos que fizemos, falei: "Ih, lá vem essa minha cara de Cris, essa minha cara de Maria do Bairro sofredora". A cara não muda (risos).
QUEM: Na época de "Chiquititas", existia muita rivalidade?
F.H.: Não porque cada uma tinha um perfil. Funcionavam quase como rótulos: eu fazia a romântica, mas também tinha a bonita, a que era líder, a malvadinha, todas tinham seus espaço.
QUEM: Com quem que você não tem mais contato que gostaria de falar?
F.H.: Com a Magali Biff, uma atriz sensacional. Adorava as cenas da Cris contracenando com a Ernestina.
QUEM: Como gostaria que fossem seu futuro profissional?
F.H.: Sou atriz e quero ser reconhecida como a Nathália Timberg, a Irene Ravache, sabe? Elas são vistas como divas. São atrizes acima de tudo. Vejo algumas pessoas que ficam presas no passado, querendo reviver o passado. Na minha cabeça, as coisas passaram. Estou estudando interpretação para cinema. Quero ser respeitada como atriz de fato. Agora, posso falar uma coisa: se tiver o remake de "Chiquititas", eu quero ser a Carolina (risos).
Bia, a carismática vilãzinha da primeira fase de "Chiquititas", foi interpretada por Gisele Frade, na época com 12 anos. Com o fim de sua participação na novela, ela passou a integrar o grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil ao lado de outros companheiros da trama. Franca, a atriz, de 27 anos, assume que "rolou um deslumbramento normal de criança" com o sucesso. A fama de Gisele não ficou restrita a "Chiquititas". Muita gente se lembra dela como a descolada Drica de "Malhação". Ela participou de quatro fases (entre 2001 e 2004) e é uma das atrizes recordistas de permanência na história teen, assim como André Marques (Mocotó) e Sérgio Hondjakoff (Cabeção). No Twitter, os fãs expressam essas recordações e, embora não seja a mais assídua usuária da rede social, responde de maneira atenciosa: "Adoro quando me chamam de Drica na rua" ou "Até me orgulho quando me chamam de Bia". Depois de "Malhação", Gisele escolheu dar um tempo na carreira por conta da maternidade. Hoje, a atriz é mãe de duas meninas, chamadas Lolita Flor e Sophia Luz, de 6 e 2 anos, respectivamente. A atriz também costuma discotecar em baladas e festas de amigos. Em junho deste ano, foi DJ na festa Santa Esbórnia, realizada no bairro da Lapa, em São Paulo.
QUEM: O que tem de mais marcante dos tempos de "Chiquititas"?
GISELE FRADE: Viajar para a Argentina foi muito bom. Acho que mais marcante foi o primeiro dia de gravação, eu estava super ansiosa. A primeira cena que eu gravei, eu não esqueço.
QUEM: Quando voltou, você viajou pelo país com As Crianças Mais Amadas do Brasil. Em algum momento existiu um choque por perceber o quanto era famosa. O sucesso, de alguma forma, te deslumbrou ou você sempre manteve os pés no chão?
G.F.: Entrei em choque quando vi aquela multidão esperando a gente descer do ônibus, foi assustador. Eu acho que rolou um deslumbramento normal de criança quando fica famosa. Depois, na sequência, coloquei os pés no chão, fui me acostumando a lidar melhor com a situação e me enxergando como qualquer outra pessoa comum, mas no início rolou, sim, um deslumbramento.
QUEM: Durante quatro temporadas, você atuou em Malhação, fazendo a Drica, um papel expressivo e marcante pelas mudanças no visual. Depois, nunca mais fez novela. Foi opção própria ou falta de oportunidade?
G.F.: Bom, não foi por falta de oportunidade, não. Inclusive, quando saí de "Malhação" já estava engajada pra fazer outro trabalho, o que aconteceu foi que engravidei da Lolita Flor. Aí, tive que dar um breque em função da maternidade.
QUEM: Você é mãe de duas meninas. Ser mãe te pegou de surpresa?
G.F.: A princípio eu sempre quis ser mãe, mas há uma grande diferença em querer ser e ser realmente, não imaginava que dava tanto trabalho (risos). Mas imagino que dei o mesmo trabalho pra minha mãe também.
QUEM: Faz mais a linha brava ou babona?
G.F.: Às vezes, faço a linha brava para colocar ordem na casa, mas no geral sou bem babona e coruja. Amo mais que tudo minhas bonecas.
QUEM: Depois de "Malhação", você começou a discotecar. É um hobby ou uma fonte de renda?
G.F.: É hobby total. Adoro tocar para os amigos, mas futuramente penso em algo bem mais profissional. Estou treinando pra isso.
QUEM: Tem vontade de voltar a atuar, fazer TV? Ou quer distância desse meio?
G.F.: Quero voltar, sim. Estou fazendo testes, tenho estudado, feito oficinas de interpretação. Na sequência, estou voltando. Dei um tempo maior em função da maternidade da Sophia Luz. Agora, que ela está com 2 anos, acho que está numa idade boa pra poder ficar com babá ou com a minha mãe para eu poder voltar atuar.
Na pele da órfã Dani, Giselle Medeiros participou da primeira fase de "Chiquititas" e chamou a atenção especialmente na época em que a personagem se acidentava e ficava em uma cadeira de rodas. Por conta do papel, ela cortou o cabelo - que estava abaixo dos ombros - bem curtinho. Depois de sair de "Chiquititas", em meados de 1998, integrou o grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil e viajou pelo país com shows. Foi aí que teve a noção do quanto era conhecida no país. "Fãs correndo atrás de mim com tesoura para pegar um pedaço do meu cabelo", lembra a atriz, de 25 anos, que atuou na trama quando tinha 10. Giselle fala tranquilamente, lembra com ternura dos tempos de chiquitita e não descarta a possibilidade de voltar a atuar. Formada na Escola de Atores Nilton Travesso, experiente diretor de TV que revelou nomes como Ana Paula Arósio, ela atualmente trabalha fora do meio artístico como assistente bilíngue.
QUEM: Qual a melhor recordação da época de "Chiquititas"?
GISELLE MEDEIROS: O diretor dizendo: "Ação!". É também do que eu mais sinto falta.
QUEM: Qual foi a maior dificuldade ao ir morar na Argentina?
G.M.: Sem dúvidas, foi ficar longe da minha avó. Sou muito apegada com minha nona, sentia muita falta dela. Só de recordar da distância meu coração já aperta.
QUEM: Você mudou radicalmente o visual durante a novela. Como reagiu ao saber que teria que mudar o corte de cabelo? Gostou?
G.M.: Foi uma mistura de sentimento. Orgulho pelo fato de confiarem em mim, no meu trabalho e me darem um destaque na trama. Foi uma fase delicada para a personagem, bem dramático, o que na versão Argentina não ocorria com meu personagem! Mas também sofri por ter que cortar o cabelo, me sentia um menininho, uma vez fui ao Parque De La Costa com a Ana Olívia [Seripieri, a chiquitita Tati], e quando fomos comprar um refrigerante o garçom serviu a Ana primeiro dizendo: "primeiro as damas". Nossaaaaaaa, isso acabou comigo, até hoje sofro para cortar o cabelo (risos).
QUEM: A notícia que deixaria o elenco de "Chiquititas" te pegou de surpresa? Ficou triste?
G.M.: Essa foi uma decisão da minha mãe. Fiquei triste, mas ela havia abandonado tudo para me acompanhar, respeitei a decisão e a apoiei. Senti muita falta da galera, falta de decorar os textos, gravar, mas fiquei feliz por ficar mais próxima da minha família, foi o que me ajudou.
QUEM: Durante um tempo, você fez shows com o grupo As Crianças mais Amadas do Brasil? Como foi a experiência?
G.M.: Foi um choque. Não tinha ideia do sucesso que a novela fazia, me assustei. O primeiro show, com estádio lotado, todos gritando meu nome, foi uma loucura. No final, fãs correndo atrás de mim com tesoura para pegar um pedaço do meu cabelo, foi assustador e lindo!
QUEM: Você gostaria de voltar a trabalhar no meio artístico?
G.M.: Atuar é o que me dá sentido a vida. Voltar a atuar é o que mais pulsa em mim. Aparecer por aparecer, para mim, não faz sentido nenhum, mas me falta tempo, oportunidades, infelizmente aqui no Brasil, se você não está na mídia, tem dificuldades em conseguir patrocínio. Bancar financeiramente um projeto, pra mim, é inviável. Estou na luta, não desisti e não conseguiria desistir, é mais forte que eu.
QUEM: Quem era sua melhor amiga na época? Existia alguma rivalidade entre as chiquititas?
G.M.: Era muito próxima da Ana Olívia Seripieri. Rivalidade, se existia, não percebi. Éramos como uma família! Sinceramente? Mais fácil rivalidade entre as mães do que entre as crianças. Era tudo tão mágico, outro país, idioma diferente, escola nova, gravação, tinha coisa melhor para fazer (risos).
QUEM: Com quem você perdeu o contato e gostaria de conversar novamente?
G.M.: Sinto falta da Ana Olivia, pois está morado longe de mim. Mas sinto muita, mas muita falta é da Beatriz Botelho [a ex-chiquitita Ana], aqui no Brasil criamos um elo forte e, atualmente, não temos o tempo livre de antigamente.
QUEM: Como é a sua vida hoje?
G.M.: Me formei na Oficina de Atores do Nilton Travesso, escrevi um curta "Eu Uso Minissaia". Casei esse ano. Trabalho fora da área artística, como assistente bilíngue, o que consome grande parte do meu tempo. Me formei também em Gestão da Comunicação Empresarial e vivo me reciclando nos workshops de interpretação, cinema, TV.
Uma das caçulinhas da primeira geração do elenco de "Chiquititas", Beatriz Botelho tinha 9 anos quando a novela estreou no SBT. Hoje, aos 24, é mãe de uma menina, Maria Luiza, de 1 ano, e fez um curso para ser comissária de bordo. Com cabelos naturalmente ruivos e cacheados, ela começou aos 4 anos fazendo publicidade, mas depois da novela infantil não voltou a trabalhar na televisão. Participou do grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil e fez alguns comerciais. Apesar do sucesso na infância, ela afirma que a vida não é de mordomia atualmente. "Nunca passei fome, nem fiquei sem ter o que comer, graças a Deus, mas a situação em casa está bem difícil", afirma.
QUEM: Como foi a experiência em "Chiquititas"?
BEATRIZ BOTELHO: Foi tudo muito diferente. A mudança de país, a vida que a gente levava, era tudo muito gostoso. Eu sentia muita falta da família, estava só com a minha mãe. Não tinha problema de convívio com as outras crianças
QUEM: Como foi receber a notícia de que sairia da novela?
B.B.: Não tinha muita consciência do sucesso todo que era ser uma chiquitita. Minha mãe sabia que a minha personagem sairia cedo de "Chiquititas" porque enquanto gravávamos a versão brasileira, a Argentina passava a versão local. Eles estavam com a trama adiantada em relação a nossa e a minha personagem não existia mais na novela de lá. Quando saí, não senti tanto o baque porque fiz parte do grupo As Crianças Mais Amadas do Brasil. Continuei na rotina da loucura. Eu senti muita falta da Argentina.
QUEM: E como foi participar deste grupo?
B.B.: Era delicioso viajar com o grupo. Criança, apesar das brigas, tinha um convívio gostoso.
QUEM: Rolava muita briga?
B.B.: Não, nem tanto, não era muito ligada nisso. Entre os maiores talvez acontecesse alguma rivalidade, mas eu era muito nova.
QUEM: E você tem vontade de voltar a trabalhar como atriz?
B.B.: Tenho muita vontade, sempre estive neste ramo. Com 4 anos comecei fazer propaganda. Depois que saí da novela e do grupo musical, fiz comerciais. Me afastei completamente e agora estou correndo atrás. Não corri tanto atrás, mas hoje é o que eu quero. Sinto que é complicado, precisa ter uma indicação. Mas, sinceramente, o que quero é voltar para a televisão.
QUEM: E você pensou em um plano B que não fosse a carreira artística?
B.B.: Fiz meu curso de comissária de bordo e finalizei no fim do ano passado. Não dá para ficar parada, né?
QUEM: Você chegou a passar por algum perrengue, dificuldade financeira?
B.B.: Por um período, a situação na família estava bem complicada. E o que eu mais quero é ter como oferecer uma boa condição financeira para minha mãe e para a minha filha. Temos um teto que é nosso, mas as contas vinham chegando e o pensamento era "será que vou conseguir pagar?". Foi um período complicado. Quero quitar as dívidas que tenho em casa. Nunca passei fome, nem fiquei sem ter o que comer, graças a Deus, mas a situação em casa está bem difícil.
QUEM: Você já é mãe. A gravidez foi planejada ou te pegou de surpresa?
B.B.: Não foi planejada. Já estava namorando com o pai da Maria Luiza há quase cinco anos quando engravidei. Foi um baque. Foi bem na época que eu pensava "tenho que dar um rumo da vida".
QUEM: E você e o pai da sua filha continuam juntos?
B.B.: Hoje, sim. No período da gravidez, foi um pouco difícil. Eu tenho um gênio difícil. Sou um pouco mandona, autoritária. Durante a gravidez, começamos a nos entranhar. Dois meses antes dela nascer, separamos. Voltamos há uns quatro meses.
QUEM: Em algum momento pensou tirar o bebê?
B.B.: Jamais, jamais, jamais cogitei em abortar. Apesar do baque, queríamos muito. Meu maior sonho era ser mãe. Minha filha é linda, uma princesa, é meu maior tesouro.
Ana Olívia Seripieri era a caçulinha da primeira temporada de "Chiquititas". Tati, sua personagem, permaneceu na novela até a penúltima temporada, encerrada em 1999 e a atriz mirim é lembrada até hoje pelo refrão de uma das músicas-tema de seu papel: "Mentirinhas". Cursando o terceiro ano do curso de administração, Ana Olívia trabalha em uma empresa multinacional. "Gosto da minha profissão e quando me reconhecem como a chiquitita também não enxergo problema", diz ela, que enaltece o apoio da família para que não ficasse deslumbrada. "Tinha o salário maior do que muito pai de família no Brasil, mas não é por isso que eu ia sair esbanjando."
QUEM: Qual a maior recordação que você tem daquela época?
Ana Olívia Seripieri: A minha maior recordação é que tive uma infância especial. Fui para a Argentina com 8 anos e voltei com 12. Existia muito trabalho, mas muita diversão também. Imagine só: trabalhava com amigas e, na volta para casa, morava no mesmo prédio que as minhas amigas. Brincávamos de Barbie, andávamos de patins. Era um tempo bom.
QUEM: E a maior dificuldade por estar fora do país desde tão novinha?
A.S.: Acho que a escola foi a maior dificuldade. Na Argentina, diferentemente do Brasil nos anos 90, o Ensino Fundamental já tinha até a 9ª série. Quando fui para lá, fui matriculada na 2ª série, mas boa parte do conteúdo que aprendia na escola já tinha estudado na 1ª série daqui. Vi tudo repetido e nem sempre compreendia o idioma deles. Acho que essa foi a parte mais crítica. Eu ia muito bem - especialmente em Matemática, que é universal - mas nem sempre me fazia entender. No começo, eu não queria ir para escola porque tinha o agravante de eu não entender a língua deles. Mas, com o tempo, tirei de letra. Virei até líder de classe. Até ajudava a organizar os passeios que a turma da escola fazia à tarde, embora eu não fosse porque tinha as gravações.
QUEM: Sua personagem, a Tati, era para ter ficado menos tempo na novela. No entanto, ela ficou quase até a penúltima fase. Quando você soube que sairia, foi pega de surpresa?
A. S.: Tive muito respaldo da minha família. Sabia que não ia viver da fama e do glamour para sempre. Tinha o pé no chão. Quando fui contratada, sabia que a minha participação duraria oito meses. Esse era o contrato inicial. Chegando na Argentina, acompanhávamos a 'Chiquititas' de lá e eu tinha noção que a Tati não duraria muito. Mas houve um apelo popular para que a Tati ficasse. Chagavam pedidos e acabaram aceitando isso. Na história argentina, a Tati acaba no fim da primeira fase. Ela vai embora do orfanato com a irmã porque voltam a viver com o pai. Na brasileira, ela reencontra o pai, vai viver com ele e a irmã, Vivi [Renata Del Bianco], mas não se adapta e pede para voltar ao orfanato. Nesta volta dela ao orfanato, a personagem da Tati acaba assumindo o papel que seria da Cris [Francis Helena]. Permaneci até a penúltima fase e deixei o elenco em 1999. Na última fase, a do Celeiro, era muito bem dividido o núcleo infantil e o núcleo adolescente. Eu já não era uma criancinha, mas também não era a adolescente, pronta para ter romancinhos na novela. Não tinha como prosseguir na trama e acabei saindo. Quando fui embora, claro, teve chororô, mas acho que fiquei o tempo exato.
QUEM: Como foi a sua vida após "Chiquititas?
A. S.: Durante dois anos, fiz parte de um grupo de teatro com outros ex-chiquititos e me apresentei com a peça "Vida de Artista". Depois, por meio de um convite do diretor Fernando Rancoletta, fiz "Pequena Travessa" (SBT, 2002). Atuei na peça "O Cravo e a Rosa", com o Francisco Abreu, que foi o Tatu em "Chiquititas", e voltei para a TV em "Amigas e Rivais" (SBT, 2008), integrando o núcleo cômico. Além disso, fiz outras duas ou três peças de teatro. Teatro é o contato direto com o público, muito gostoso de fazer. Mas, eu não abandonei a ideia de fazer faculdade porque sempre achei importante ter uma segurança que a carreira de atriz não traz.
QUEM: Qual faculdade?
A.S.: Administração. Artes cênicas não seria porque tirei o DRT com 12 anos por horas trabalhadas (risos). Ainda que eu tivesse me deslumbrado como a carreira artística, eu não deixaria de lado a ideia de fazer faculdade. Minhas opções eram administração, relações públicas ou economia e optei por administração. Estou no 3º ano e o curso tem ênfase em comércio exterior. Trabalho em uma empresa multinacional e uso muito o espanhol, que aprendi enquanto morei na Argentina fazendo "Chiquititas". Trabalho em contato direto com países latino-americanos.
QUEM: E você se considera realizada?
A.S.: Eu sou muuuuuiito feliz. Mesmo. Gosto da minha profissão e quando me reconhecem como a chiquitita também não enxergo problema. Não tem problema em ser reconhecida como a chiquitita mesmo andando pela empresa. Na faculdade também tem gente que fala: "A chiquitita está na sala" com aquele olhar de surpresa, e outro responde: "Não, não pode ser ela". Mas, claro que pode. A minha rotina não deve ser muito diferente da sua.
QUEM: Algumas chiquititas casaram, tiveram filho. E você?
A.S.: Não, eu não (risos). Não casei, não tive filho. Namoro, mas não faz muito tempo. Então, essas ideias de casar e ter filhos não fazem parte dos meus planos para agora.
QUEM: Tem vontade de trabalhar como atriz?
A. S.: O futuro a Deus pertence. Daqui a um mês pode ser que surja uma oportunidade de voltar a atuar e, quem sabe, eu aceite. Se eu te disser hoje, "não quero voltar a atuar" você pode pensar "ih, ela mentiu para mim". Na minha vida, tudo aconteceu no tempo certo. Fui famosa e não tenho vontade de ficar vivendo só do passado, de uma coisa que já passou.
QUEM: Você passou dificuldades financeiras?
A.S.: Tive muito respaldo, como já disse, da minha família. Eles me ajudaram a administrar porque eu, claro, criança, não tinha noção de como seria a melhor forma de cuidar do dinheiro. Tinha o salário maior do que muito pai de família no Brasil, mas não é por isso que eu ia sair esbanjando. Não era tudo o que eu queria, que eu tinha, mas também não era uma vida de privações. Tive o meu dinheiro, e graças a ele, vindo de
"Chiquititas", tenho um apartamento hoje. Mas também sei de histórias tristes de outras pessoas que não tiveram essa mesma sorte, que hoje enfrentam mais dificuldades.
QUEM: Vocês tinham rivalidade? Com quem manteve o contato?
A.S.: Não existia rivalidade porque cada uma tinha o seu espaço. Na novela, tinha a romântica, a vilãzinha, a chorona... Como eu era uma das primeiras junto com a Aretha [Oliveira, a chiquitita Pata], tínhamos o papel de acolhimento, de receber os novos. E a maioria dos que entraram depois eram nossos fãs, porque viam a novela. Era engraçado isso. Mantenho contato com uma patotinha. A Gi Medeiros [chiquitita Dani], a Mariane Oliva [chiquitita Marian], a Aretha, a Victoria Rocha [chiquitita Nádia], o Pierre Bittencourt [chiquitito Mosca].
QUEM: Sente saudade de alguém?
A.S.: Vejo que foi uma fase boa, mas não fico querendo reviver. Sinto saudade dos shows. Era muito bacana participar, vínhamos para São Paulo e para o Rio de Janeiro. Era sempre uma grande produção.
QUEM: Existe o rumor de que o Silvio Santos quer fazer a nova versão de "Chiquititas". Você participaria?
A.S.: Só se eu fosse a Tia Carolina (risos). Seria até interessante uma nova versão. Não digo que jamais faria.
Foi muito díficil escolher só três, felizmente todas estão no youtube então se você quiser matar a saudade pode ir correndo lá e passar horas revivendo sua infância.
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Em terceiro lugar uma música que tinha de tudo pra ser triste mas acabou tornando-se "doce" e um clássico da novela e do youtube mesmo. Quem não lembra de Carla Diaz pequeninha, bem antes de ser rebelde, cantando Coração com Buraquinhos com a Flávia Monteiro? Uma letra e melodia super bem construída, característica de Chiquititas mostrando um cuidado, hoje quase inexistente, com a produção para crianças. Como não amar Coração com Buraquinhos?
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Essa música é triste e ela é realmente envolvente. Dá play e me diz se só o começo não é emocionante? Ela trata do universo do orfanato Raio de Luz, onde algumas das crianças não sabiam nada de sua origem. A música é quase como um carinho com a criança abandonada. E o refrão hein? Aperta o coração e é comovente, deu toda a realidade a história que vive acontecendo diariamente pelo país. Mentirinhas é o segundo lugar do nosso top.
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Impossível não ter essa música em primeiro lugar, a gente sabe muito bem que tudo se transforma com magia e vem a vontade de cantar! Ouvir Remexe era abrir um sorriso no rosto e saber que tava, finalmente começando a novela. A música já é totalmente pra cima e mostrava as meninas do elenco dançando e cantando no centro de São Paulo. E daí em diante com as caçarolas e as colheronas (?) começa a dança musical. Dali a gente aprendeu que tudo é uma festa de sons e só temos que escutar com atenção, vai me dizer que nunca dançou nem cantou alto essa música? Faça isso mesmo depois de quinze anos, dê play no video e volte no tempo, boa viagem!
Eu pensei bastante no último item e no fim achei justo ele ser um item individual. O sentimento por essa novela, pode parecer uma pergunta tola, mas diante de uma geração que a acompanhou do começo ao fim alguma coisa ela pode representar a você. E então, o que é? Amor, saudade, gratidão? Diz pra gente nos comentários, vamos comparar nossos sentimentos e continuar matando a saudade dessa época tão boa.